22/03/23

Nesta Sopa

largou a vida
na doença;
foi atrás
de carne podre...

sem remorso! sem remorso!
quem viu? quem viu?

[eu] quero ver dilema
nessa história
--- de novela ---;

mosca atrás de mosca
fodendo nesta sopa;

verme atrás de verme, 
outro verme...
sem demora, sem demora

13/11/21

Pablo Donne - Não Dá (demo)

25/10/19

joker

quem quer ser Pinochet?
confundiram-te com Mao t-se Tung?
então caminhe feito Mussolini.

monstros de todo dia ---
um coringa
em cada esquina.

04/10/19

Outra Coisa

Assim que Deus morrer
--- dizia-se ---
precisaremos, tão logo, de outra
coisa que faça chover.

02/10/19

Aflito

Vida, desespero
da carne.

Chamar nomes de vultos ---
fantasmas que não morreram.
Amigos que não nasceram.

Pesadelo.
Contrabando no meu sono, calafrio.
Todo dia repito ---
ansioso e aflito.
Tentando ser mais bonito.

Você Verá

Pelo amor de Deus,
o que que é isso?

Pelo amor de deus,
o que que há?

A glória está nos revelando ---
meu mundo você verá...

27/08/19

Nem as Moscas

[Da] "gente" que não é pessoa
esperar, somente,
desequilíbrios verticais.

Pelo próprio mau cheiro,
o pior da espécie
em qualquer
esquina.

Agora
e mais tarde
(fora da carne,
onde não existe sentimento)

a chamar pelos nomes do sexo
em relações inferiores;
chamativa ---
como um evento mórbido,
ou doente.

Atores mudos num comércio indiano
(e coabitando casas de loucura)
numa forma de miséria ---
a morte interna.

E não poderão evitar ---
nem as moscas
nem os chacais.

23/08/19

Força de Vida

o escorbuto
foi visto
no futuro

drenamos líquido
espesso
de tortura

no horizonte nebuloso,
fumaça que fica ---
na vida
e na retina

cortina de escombros
(selva de loucura)
destroços

tudo é morto...
tudo foi morto!
na velocidade do vento
no exato momento
em que a luz acabou
para sempre

tudo isso
é força de vida ---
vontade que faz sofrer

mas emoção,
realmente ---
é sustentar solidão

19/08/19

Devoluto

Muitas e muitas vezes
a paisagem era eu ---
num canteiro, ou jardim,
perto de um riacho, ou lago ---
a plantar (ou a colher)
rosas devolutas ---
espinhos contaminados.

18/08/19

Os Miseráveis

Portas, abertas, reveladoras de mundos cruéis... Portas, dos fundos, a lançar escuridão sobre o teatro do alegre; minando a regeneração costumeira. Flores raivosas (de sangue e luxúria) nos penhascos aonde desabam os miseráveis da loucura (enquanto dão "adeus" ao mundo carnal) em época de esquizofrenia eterna. 
Entre os lençóis o látego --- nos bordéis da comunhão.

15/08/19

Desespero

Que eu sinta, novamente,
teu cheiro!... no meu corpo
e no meu
travesseiro...

[eu] Fiz um samba pra dor
(um samba de amor) ---
um samba pro meu desespero.

10/08/19

Zona Oeste

Muito se fala sozinho
nas estações(?)
Inclusive resmungo sozinho
enquanto caminho entre pessoas
na estação.

09/08/19

Roda de Amigos

1.
Quando, e por quanto, faríamos
qualquer
coisa infeliz; e depois
(sem passar
remorso) repetir
o crime ---
fosse o crime que fosse?

2.
"Reunião
Termina em cocaína."
"Grupo de Seres Humanos
Acaba em Tragédia."
(Moscas sobre o corpo morto.)
Vidro
moído dentro de nós.
As piores coisas ---
no fundo, a gente.

As pessoas se acabam em desrespeito ---
maneira, menos complicada, de injetar
veneno.

08/08/19

Veludo Cretino

Veludo abaixo
(esgoto acima)
em galerias clandestinas
subiram todos ---
e curvaram suas cabeças
(junto aos pés dos assassinos)
em homenagem aos cretinos.

07/08/19

LSD

Vejo um cara,
fardado,
com uma enorme borboleta
em baixo do braço.

O cara,
em baixo do braço,
é uma enorme borboleta
de farda.

Vida ao Estilo Morte

Céu negro, tempestuoso, encobrindo o tédio nas cabeças.
Cara maldita refletida nos ladrilhos da agonia permanente...
Tal e qual uma Cristina Onassis: profundamente perturbada.
Mundo surreal de abismos repleto de "protuberâncias".
Homens (vazios) com estampas do crime.
Pegaram notícias, histórias, cores... formularam chacinas através dos "quadrinhos".
E, pelo horror propagado, do ódio explorado retém-se o máximo.
Com fundos musicais, assim é que a noite das atrocidades desabou sobre todos nós.
Mundo escuro afogado no horrível, aquilo que é macabro.
(Mas deus acordou; trêmulo e acanhado.)
A cobiça providenciou anomalias, essas que sacrificaram tudo ao castrar nossos filhos.
Agarraram nossos braços e os arrancaram.
Vida ao estilo morte.

29/07/19

(...)

No dia
a dia
das coisas e das formas,
segundo uma ordem histérica ---
tal e qual um desfile de moda,
ou amostra de ideias ---
e divulgando toda chance de "loucura",
lembro das coisas que pretendo sentir
................................................................................................
Quero eu mesmo escrever
meu próprio personagem "alucinado".

24/07/19

Algazarra

Por todo o território
nacional...
As alas do samba,
o local do paganismo...

Pessoas da cooptação
para o exercício do pecado ---
nos camarotes acesos
da loucura.

Entre cores
e flores de algazarra,
amargura e suicídio.

Em mansões suficientes,
na Gávea,
ou em coberturas típicas,
esperaremos
juntos
pela
exumação
dos cadáveres da droga.

Degraus que vão subindo ---
elevada alegria  nos andares.

Quarto Escuro

Cores
escatológicas
(e bíblicas)
relativas ao remorso...

Carne azul
acinzentada ---
os seios de um cadáver;
onde todos alimentaram
suas mágoas.

Ratazanas
podres
trancadas
num quarto escuro ---
amontoadas
sobre crimes de amor.

Somos
cheiro de ódio ---
musculatura de rancor.

Onde Não Se Faz Amor

Palácios de miséria
nas escadarias do social.

Em quartos de despejo ---
lugares onde não se faz amor ---
não se acredita em nada:

nem num
deus
nem num
diabo
....................................................................
Essa vida é o amargo ---
multiplicado
por todas as coisas.

Manhã

O sol já nasceu
n'horizonte poluído ---
sonhos de fumaça.

17/07/19

Rua dos Inválidos

Quem viu Jesus Cristo?
Quem já levou tiro?

Ruas incertas,
vales sombrios.

(Quem morre no Estácio
não morre de amor.)

15/07/19

Pandemônio

Desfile ---
carnaval de horrores.
Alegorias ---
orgânicas, homicidas.

Acidentes sexuais
escatológicos.
Plantação de hormônios.
Chuva de borboletas!
Novela chamada "Pandemônio".

Todas as pessoas,
no escuro da vida,
completamente apavoradas
pela
possibilidade
da justiça divina.

28/06/19

Conversa "Afiada"

--- "Quem é Deus?"

--- E eu sei lá!
Mas caso venha a descobrir
(por vaidade)
lhe direi
(se o egoísmo não me calar).

22/05/19

15/05/19

Espinhos no Coração

Um deus
que não ama.
Pessoas
que te odeiam.

*       *
     *
Doenças
da
Vida.
Beijos
de
Sangue.
Espinhos na garganta
e no coração.

08/05/19

Pink Morte

Ao longo dos anos
LSD's
(inteiros)
mascados
para algum tipo

de esquizofrenia(?)

Muitos
obtiveram a morte.
Ou então a loucura
misturada ao próprio vômito ---
sobre o carpete
de algum familiar.


Feito Syd Barrett, por exemplo.

19/04/19

O Resto

I
As rosas
estão
na sepultura.

II
Os mortos
um a um
no seu lugar.

III
Os vivos
por dinheiro.

*            *
       *
Quem soube
amar
já morreu faz tempo.

18/04/19

De Maio a Maio Tudo é Sangue

Rio .40
Doença de Ipanema.

Que beleza
de escopeta!

Rio AR 15
Meninos,
bonecos assassinos.

Rio de sangue.
Ou seria mar?

17/04/19

Doença Redundante

Direitos
da pessoa humana
e deveres
da pessoa humana morta.

Quem se declara
o primeiro
ser humano das eras?
Aquele que for gente
atire[-me] logo
todas as pedras.

Iguais
é o que somos.
E a lei é para tolos.

Cadê direitos?
Cadê humanos?
Cadê você?...

07/04/19

Crimes Passionais

Quando o amor está no ar,
relacionamentos ---
latidos, gritos e malditos.

Navalha na carne
(com promessa)
e flores de remorso.

Tudo assim ---
traumatizante.
Amor?
Repugnante.

05/04/19

Assim como
saudade não eh tristeza,

não vi dor
na Rua

da Quitanda ---
só desesperança.

04/04/19

No Peito

Parece cocaína
mas é autoestima.

Minha carne
é felicidade.

E você ---
tem sonhos com o quê?

Passageiro da Agonia

I
Senhoras e senhores, aqui estou. Ou melhor: heis-me aqui, entre a queda e a paranoia, só para dizer o meu nome e pra dizer que amo vocês.
Mentira minha, é claro, porque não vou dizer o meu nome e nem amo vocês. Amo somente os combustíveis: gasolina, álcool, querosene e eventualmente alguma toxina. Amo a deus também. Um deus que me ama e entende, um deus que alucina. (Quem será?)

Faz algum tempo, mudei de cidade: vim parar numa cidadezinha suja e malcheirosa --- repleta de fábricas de celulose; cidade industrial. E, desde então, tenho a mente poluída. E, desde então, venho ganhando a vida como assassino contratado. Mas até que gosto dos sonhos que me fazem sofrer e dos pesadelos que acabam comigo.

II
Sou contemporâneo dos mendigos incendiados e mortos no Brasil. E dos monges tibetanos que se autoflagelam, em protesto, atirando fogo em seus próprios corpos e roupas em plena praça pública.

Vejo poesia em quase tudo: plantações de papoula no Afeganistão, o suicídio do Kurt Cobain, Nelson Rodrigues... E pessoas que apresentam comportamento contraditório.
Acredito realmente em artistas!
E, assim como Lúcio Flávio, bandido carioca da década de sessenta, sou passageiro da agonia --- permanente. Obrigado.

29/03/19

Cena de Cinema (Talvez sobre Kurt Cobain)

[Me] sinto mutilado,
[me] sinto envergonhado.
E ouço todas estas coisas sobre mim.

Mas sou mesmo e sou mesmo um fracassado.
Mesmo esculachado.
Tudo que é novela
diz muita coisa sobre mim.

Mas cena de cinema...
Cena de cinema
é aquilo que me emociona!

Melhor é me vingar.
Pessoas nascem mortas.
Odeio a sua cara, odeio o seu cabelo!
E odeio --- todas as coisas neste lugar.

Mas cena de cinema...
Cena de cinema
é aquilo que me faz chorar!

Um pouco de niilismo pra nossa garotada.
Espero aquele abraço...
Porque eu vou me despedir de Deus.

28/03/19

Prefiro Abortar

Primatas do sacrifício: macaco encontra macaco...
Quando transmite a doença ---
ele mesmo faz o transporte.
Macacos me mordam, [eu] prefiro abortar!
O quê?
Biologia maldita.
Babilônia da esquina.
Guerras radioativas também me deixam emocionado.
Acidentes nucleares também me deixam emocionado.
Meu Deus! Minha cabeça está doendo ---
minha cabeça dói, fica doendo!
Enquanto me atrapalho no emprego onde trabalho.

22/03/19

Futuro

O dono das coisas
que se chamam "tempestades"
vive num abismo ---

dentro das futuras
lembranças emocionais
de cada um de nós.

Culpa Nunca É De Mais

Diga com quem andas
e digo qual demônio é.

Nada disso
é brincadeira ---

tenha ódio
e tenha fé!

Cadê

Onde estou, onde estais...
(Cadê você?)

Nem sinto mais
a sua falta.

Eh que eu já morri.
Saudade mata.

O Amargo

Um circo e um inferno de cores
psicológicas demais
foram erguidos
sobre os bordéis da epilepsia,
nos perpendiculares da transição;
onde o amargo das propriedades exclusivas
é um coquetel em homenagem à mulher.

Foram tantos fatos hediondos!
Todos consumados nas barbas da legislação.
Tantos acontecimentos grotescos!
Todos omitidos entre os bordados da religião.

14/03/19

Mundo Estranho

Tormentas se formando aos berros e à custa de horrores; engolindo gritos e desespero.
Tormentas --- já vêm, vindas de longe, de mundos estranhos em nós.
Tenebrosas --- mantendo o ritmo --- quebrando os braços no futuro das crianças.
Transbordam de antipatia contra nós.

13/03/19

Carne Humana com Desgraça

Tatuagens
(cores relativas ao remorso)
e paixões científicas
se desfazendo ao longo da carne morta.

Flores violadas
em carne humana desgraçada.

Um futuro de ferimentos e moscas
em vossos membros amputados.

A botânica e o homicídio;
o mau cheiro pela emoção.

Condição

Nas altitudes,
onde não há deus algum feito o Homem,
escavaremos os tesouros do ímpeto
pela necessidade das cabeças.

Só aí então nos tornaremos dignos
da coabitação
nos palácios mundanos.

08/03/19

No Pecado

A humanidade jogou;
apostou alto no pecado.
Depois nasceu um batalhão
de mulheres sem ovário.

Imaginem um futuro:
um mundo vazio, sem gente;
onde falharam com Deus
as pessoas de antigamente.

06/03/19

Páginas da Vida

Quero,
das páginas da vida,
a força do vento.

Quero,
das páginas da vida,
tempestades ---
e não lamento.

05/03/19

Depende

O amor pode ser
um punhado de flores horríveis, 
um buquê de flores mortas.

O amor pode ser
tudo aquilo
que depender de você.

Auto

I
Vestido pelo infinito
durante a revolução dos estilistas loucos.
Acometido de ansiedades esquisitas.

II
Apoteose
de contestações.
Ma-ni-fes-ta-ção
ambulante.

III
A representação mais cinematográfica
(e absurda)
de todo filho complicado.

19/02/19

O Corpo

Foi boicotado
foi morto aqui na rua
bem do meu lado

tenha santa paciência...
não há desculpa

a voz do povo disse que Deus não adianta
a voz do povo disse que Deus não fala nada
a voz do povo disse que "Deus? deus já morreu!"

e essa história
que eu acabei de contar
eh a história de um corpo...

"O Corpo Morto de Deus".

O Nome da Morte

Madrugada, cocaína e rancor
amigos nossos, inveja é rancor
ninguém duvide, relação é rancor
(vem me ajudar, por favor)

as ruas têm cheiro de morte
e eu já sei aprender
a vida ensina mistério
e eu já sei escrever

qual é o nome da morte?
quem é o medo da morte?
quem faz a fúria nas ruas?
quem é o tal do carrasco?

18/02/19

Desesperadamente

Eu te quero sem roupa
aqui no meu rosto
eu sou o pecado
te atacando de novo

sem você eu não fico
sem você eu não vou, eu não vou...
eu não vou me matar
mas acabo sofrendo, desesperadamente

a vida passa depressa
(pra quê ter um sonho?)
não sou alguém sem você
mentira, mentira.

16/02/19

Pesadelo

Ensaio sobre a vida
ou como se vive
ensaio sobre a raiva
ou como se mata
ensaio sobre o roubo
ou como se rouba

de dia quem tem medo?
à noite pesadelo
cólera, pecado
a força do diabo.

Então Explica (Canção)

Já nem sei mais
já nem sei menos
já nem sei bem...
aonde é Belém

quem foi Joel?
quem é João?
quem vai pro Céu?
quem fica no chão?

na escuridão,
antes do estrondo você vê um clarão
depois vê o Céu...
então é o Céu...

porque o Inferno eu não mereço
e quem merece isso?
eu faço tudo certo e ainda rezo
de Deus eu não duvido

então me explica!
quem é que explica?...
quem é que fica...
arrepiado com música?

então me explica!
quem eh que morre numa boa?...
então me explica!
quem realmente é pessoa?...

Tá de Sacanagem

Tá roubando livros? Tá ficando surdo? Tá comprando encrenca?

Não, pai, tô estudando tudo...

Tá virando as costas? Já procurou emprego? Nada mais te importa?

Não, pai, tô revendo os erros...

Mas com ansiedade todo mundo fica; não tô de sacanagem --- só vivendo a vida.

13/02/19

Contra a Carne

Crack, escopeta. Maravilha e deslumbramento. Virtude, útero e cisto uterino. Anencefalia, aborto, psicanálise.
Diga-me o quanto estamos mais doentes depois que Freud apareceu no tratamento.
Elaboramos violência em cartilhas criminosas; adoramos o pecado.
Maculamos o belo, e amaldiçoamos a vida, para todo o sempre, com o sangue dos outros.
Falhamos com tudo e com todos; apunhalamos o criador. E, quando bate a fome, o diabo senta-se à mesa connosco.
Um maldito rio de sangue invadiu villas e cidades. O pior eh que ninguém entende um quê de hemorragia...

Pensei nessas coisas enquanto dormia e tinha pesadelos.
O pai me disse. E eu digo aos céticos: sinto muito; mas a batalha, contra a carne, nós perdemos.

09/02/19

O Amor dos Vertebrados (Panis Et Sexys Circense)

1
O sexo dos percevejos e a vida amorosa
dos vertebrados.
Luta corporal
para um enorme público de moscas.
Guerra da carne.
Panis Et Sexis Circense.
No sense...no sense...no sense.

2
Inseminação traumática.
Anos luz de aflição
durante o amor dos vertebrados...
E a batalha continua!
Apenas para os expoentes.
Gritos de dor, ânsia, luxúria. Blasfêmias das mais sujas.
As palavras mais asquerosas
que puder repetir e repetir
nos teus ouvidos de danada!

3
Remédio contra o tédio
no calor da impulsividade.
(Sex or sex. No more.)
Multidões inauditas,
mortas de verdade.
Contra a carne
não existem argumentos ---
nem sentimentos.

4
Eh preciso cair em desespero, ou tentação,
num paraíso proibido qualquer.
Aqueles que se dedicam à histeria do amor
(em público)
são os mesmo da agitação nervosa
e dos colapsos nervosos...

O resto são manchetes, escatológicas,
publicadas em jornais baratos.

O Dia

O dia é daqueles que choram,
dos que comemoram
e de todos que se incomodam.

O dia é daqueles que gostam.
O dia é daqueles que amamos.
O dia é daqueles que foram embora.

O dia é curto; as horas é que demoram.
O dia eh feito de momentos.
As melhores

e piores memórias do dia
ficarão, para sempre,
em nossas cabeças de vento.

07/02/19

Mudança de Hábito

Você saberá que nunca é de mais lavar as mãos.
Terá ideias, brilhantes, sobre costura e confecção.
Fará suas próprias roupas; vai desenhar um quimono.
Aí abandonará, de uma vez por todas, a atitude de mordomo.

31/10/18

Um Revólver

Mas, afinal de contas, de que lado está a vida?
Sinceramente não sei; mas provavelmente não é do nosso.
.........................................................................
Contra a vida não há argumentos.
(Você tem um revólver que me empreste?...)

26/09/18

Minha Educação, Ansiedade

Primeira coisa: adversidades. Segunda: quando era amor não dava para nada!... Não foi um simples "querer, ou poder"; era pecado. E todos, em transe, rumo ao Jardim Zoológico. Sendo que a maioria era carta fora do baralho.

Eu sou a merda do macaco
que vocês não sabem ser!
Eu sou a merda de um macaco
e vim para dizer:

Chora, meu bem!

Ninguém aqui
vai se dar bem.

Acúmulo de restos. Multiplica-se os problemas nervosos em nome da aquisição de bobagens novas.
Qualquer idiota sabe: a velocidade não é tudo; a luz não eh "O Caminho"; e a noite eh perigosa.

Procurei a herança disso tudo, muito antes dos meus filhos ruins, pela ansiedade que os meus pais me deram.

24/09/18

Comercial de TV

(Embalos de Sábado à noite a estudar o corpo morto de Deus.)

Boletins de ocorrência e relatórios médicos (ou quaisquer outras nomenclaturas) podem muito bem vir a ser poesia.
A poesia foi o passado; eh o presente; e será o futuro! da propaganda.

A lírica moderna vai educar filhos e filhas --- de um modo francês maldito ---; sobretudo pelas mãos de Rimbaud e Baudelaire.
Todos os loucos estão no caminho; inclusive David Bowie.

Mas pelo amor de Deus: precisamos, urgentemente, de um comercial de TV, filme, ou propaganda, que nos diga isto: cada pessoa eh um lugar.

17/09/18

Apesar dos Sentimentos

É tarde demais para qualquer coisa. Menos para o diabetes.

Nenhuma das mudanças, ocorridas no planeta, serviu para melhorar, de forma significativa, a maioria absoluta dos corações.

Por enquanto, cá estamos. Apesar dos sentimentos.

Visões do Inferno

Quando a tuberculose vier ao nosso encontro,
e tudo for resumido à tifo ---
pelo resto de nossas vidas;

Quando o cotidiano
for somente contrabando,
pilhagem, raquitismo
e experiências traumáticas;

Quando a cobrança vier a cavalo,
na velocidade do diabo,
trazendo visões do inferno
de cadáveres caminhando aos berros;

Então cada um de nós
será aquilo que o Diabo
deveria
ser.

Alguma Loucura

Sei perfeitamente o que é poesia; já que sei de todas as minhas --- armadilhas e encrencas.
Quando for adulto pretendo ser cristão, capitalista --- e ter bem mais coragem do que tenho agora.
Quem foi que despertou forças estranhas e agora não consegue mais dormir, hein?...
Enfim, deixo alguma loucura para depois. Afinal de contas, nunca se sabe o dia de amanhã... Mas certamente não trará, apenas, recordações de hoje e ontem.

16/09/18

Sobre Lordes e Mulheres

Primeiro plantamos; depois esperamos coisas novas.

Assim eh que se constrói um palácio de proporções cinematográficas. E não fazendo de conta que a vida não vale a pena.

A vida é de brinquedo.
Devemos ser todos estilistas --- no maravilhoso mundo das coisas esquisitas.
Você precisa procurar mistérios desprotegendo-se do medo. No entanto finge-se de morta. Mas não há soníferos, remédios, ou venenos, que te permitam escapar.
E quando dispensa o que eh belo em troca de cadáveres que você mesma escolheu --- torna tudo ainda mais difícil. Ou quando compra um escândalo... Depois faz circular a notícia de que você é super popular.

Sei aonde chegamos! Ao carnaval da vergonha extrema! Ou melhor, neste baile você está sozinha.

15/09/18

Privilégio

Oi: bando de gente, bando de pessoas.
Pedras não têm opção e mulas não fazem escolhas.

Deus não sabe o que é melhor para você.
E, dentro da calamidade, quem vê tragédia não vê coração.

Oi: bando de gente, bando de pessoas.
Pedras não têm opção e mulas não fazem escolhas.

Fotografia

Minhas lágrimas têm tanto valor quanto água salubre nos desertos da Somália.
Sofro com mosquitos à noite.
Moro no escuro/viajo sozinho.
Vivo de tudo um pouco: delírios, febre, inveja...
E meus pertences valiosos são, entre outras coisas, as enxaquecas mal resolvidas.
Mas dentro de pouquíssimo tempo serei bem melhor do que sou agora.

14/09/18

Ninho de Cobra

Muita raiva e muito ódio --- muita gente ruim; a infelicidade mata tudo.
Há todo tipo de crente. E as únicas armas, das quais dispõe o Diabo, são as pessoas de coração amargo.
Pintamos o corpo e puxamos o gatilho. Dança da chuva com banho de sangue. Soh que nada mais nos lava a alma.
Estou meio morto, meio acordado, meio fuzilado, na Av. do Estado --- onde roubaram-me o carro.

Cada vespeiro, cada ninho de cobra, cada predador: a realidade vai dar cabo de nós.

13/09/18

Curta e Grossa

Veio aqui e implorou: Quero morrer de remorso! e não disse mais nada.

À Espera

Acordei logo existo.

As pessoas trabalham em quê mesmo, hein?...

Ah, essa eu sei! As pessoas trabalham no mercado das encrencas; no escritório das lamentações; na firma dos sentimentos de culpa... etc, etc e tal.

Fato é que não dá mais para viver numa fila de cantina --- à espera da felicidade.

Futuro Maionese

Posso ver, através deste enorme pote de maionese, a desgraça de qualquer um que não seja divertido.

Passei a vida a sorrir.
Fosse concreto, fosse abstrato.
À beira da loucura.

Porque, se estamos a falar em covardia, então entrego meu revólver e vou embora, correto?...
Quando pisei em falso não conhecia vergonha. Mas quando caiu a ficha --- meus sentimentos já haviam sido violados.

Passei a vida a sorrir.
Fosse concreto, fosse abstrato.
À beira da loucura.

11/02/13

Desde Quando

A propaganda fará coisas ruins em vida problemáticas. Muitas vítimas, poucos inocentes.
Fábricas de gente morta para um cotidiano organizado.
Pessoas divididas em raças: "quem é quem" dentro da convivência diária?...
Ninguém conhece a velhice. A imortalidade do corpo apodrece a alma. Mas hoje é penicilina --- na piscina. Viva a ciência que a nós ilumina! E Deus abençoe o capitalismo.

Desde quando pessoas agiram corretamente?...

01/02/13

Ódio e Fumaça

Um sonho
morrendo agora
dentro de um carro
(acidente ou assalto) ---

e foi assim dessa maneira.


E eu sei
que o luto é muito pouco
e eu sei
que nada muda isso
e eu sei
chegou ao fim mais uma tarde de Domingo.

Invasão

Se faltar lenha
queime os cadernos de poemas.

Poesia é invasão, rastro de fogo no asfalto.
Beijos roubados, vontades explosivas.
Poesia é fogo posto!

Arquivo

Photo: judeu cortando cebola.

29/01/13

Sanduíches de Realidade

Flores murcham;
pessoas apodrecem.

Vida que segue.
Desde que haja

sanduíches
de sonhos com problemas.

24/01/13

Patrimônio Komum

I
Tornei-me um monstro; paranoico, metódico.
O cheiro é demasiado forte, eu mesmo sigo as pistas.
Minha profissão exige respeito; na verdade brinco de empilhar corpos.
Estou no trânsito exercitando a esperteza; colaboro na pachorra das docas até o canal.
No escuro fico confuso; procuro em pequenas mentiras as frases da minha revolução.

II
Onde está minha vida, dentro deste lugar, neste exato momento?
O "deserto da em demasia" mostra as grandes quantidades comportadas; e os monstros do ritmo eternizados dentro da biosfera.
Casas de grande tamanho e várias casas; complexos e galpões amaldiçoados pela burocracia.
O deserto que comporta a cidade é o patrimônio comum; é a culpa do indivíduo K que anda pelas ruas arrastando um pano de manga e um enorme moletom quadrado.

Estabilidade

Você entende tudo aos vinte e cinco.
Ninguém é humano de verdade.
E miséria é mais do que cocaína e ingratidão.
Estamos todos, na tentativa, da vida fácil no homicídio perfeito.
Delirando de tudo que é jeito.
Porque felicidade eh união estável por conveniência.

22/12/12

05/11/12

One Drop of Blood Simple

A raça humana é a vossa chance ---
em vários crimes
que Deus perdoa.

Serão todos processados.
Todos estupraram a própria família ---
e a própria filha!

Maldita carne.
Concubina do Diabo.
Ligada à igreja.

Que Deus perdoe a culpa humana.
Que Deus me livre dessa doença.

Seios de sangue que alimentam.
(One-drop rule or blood simple.)
Histórias tristes, depois de um crime.
Bocas de lixo que [se] detestam.

Império cancro!
Mentira séria.
Loucura surda que arrebatou.
Nem me fale de alegria.

11/09/12

Sem Chance

Crianças que nasceram
(sem peso e sem chance)

de úteros da AIDS ---
em berços de crack.

20/08/12

Boite

"Oferecem-me coisas, tipo: vinhos do Chile, cocaína da pura, adesivos da Holanda... Depois curtimos numa Boite qualquer.", disse a interrogada.

02/08/12

O Preço

Heis-me aqui — mente aberta
e poluída — a reclamar
emoção!
Querendo saber, do infinito,
quanto custa a solidão.

22/07/12

As Formigas

A umidade da casa onde moram,
e o seu tabagismo,
são a única bronquite crônica do teu filho.

(E as formigas vêm de dentro.)

20/04/12

Quando Morreu Clarice

Clarice era tudo na minha vida. Fazia o jantar, lavava roupa, cortava-me as unhas. Cultivava, junto comigo, todos os meus sonhos. Todos. Punha-me o café da manhã à mesa, todos os dias, às sete horas em ponto. Clarice era mulher de verdade, sempre presente. Ela, sim, era participativa na vida do Lar e, consequentemente, na minha; bem como em todas as minhas demandas diárias. E nas minhas carências sentimentais e emocionais. 
Clarice sentia-se mulher e fazia com que me sentisse homem. Estava sempre pronta, para tudo. Incondicionalmente. Durante o futebol, na televisão, (junto com cerveja bem gelada e amigos em casa) aos domingos, fritava sempre os mesmos salgadinhos: recheio de carne com cebola e molho picante. Deliciosos como sempre. Receita da mãe. Nunca reclamou. Nunca. Nem do barulho e nem da sujeira que ficava.
Filhos nunca tivemos. Porque não quis. Dão muito trabalho. Despesas. E depois acabam por começar a quebrar coisas em casa; ou então, quando não viram viados ou sapatões, dão para o roubo; depois que viram adolescentes drogados, claro. Porque um dia todos eles viram adolescentes drogados. Mas ela, Clarice, sempre quis. E morria de inveja da minha prima, Joana. Joana e o marido, o babaca do Gonçalo, tiveram duas meninas e um menino. Dizem que são felizes. Mas não acredito. Até porque minha prima sempre trabalhou fora. E mulheres casadas que trabalham fora tendem sempre para o divórcio ou adultério. Mas enfim, problema deles. Clarice nunca trabalhou. Nunca deixaria. E ela nunca reclamou. Ou seja, nunca fez questão. Acho. Pareceu-me sempre tão feliz em sua condição de mulher casada e dona de casa. Se bem que de uns tempos pra cá andava meio tristinha. Mas pensei que era apenas por causa dessas coisas de Menopausa de que tanto falam na TV. Nunca imaginei que fosse algo realmente sério.
Mas... Clarice... Clarice matou-se, hoje de manhã, depois que saí para o trabalho. Usou veneno de rato. Um restinho de nada do que havia comprado, há quase dois anos, na esquina da Av. Anchieta com a rua do Logradouro. Nem era de qualidade. Cinco reais. Merda. "Suicidou-se", disseram seus pais, "porque não tinha vida." Segundo eles, Clarice vivia pra mim. Vê se pode.

16/03/12

Minhas Barbies

Línguas estranhas.
Babel de absurdos ---
o exemplo por esquartejamento.

Coliformes fecais de Homem para Homem.
Forma bruta e calada
na doença do outro.

Sensibilidade
de bonecas:
minhas Barbies, minhas barbáries.

14/01/12

Ao Relento

Um vestido
esquecido numa ilha ---
já desbotado ---
sofrendo a ação da chuva,
do vento...
do sol ao relento.

12/01/12

Acidente Rodoviário (Talvez Sobre Tyler Durden)

Escrevi “poluição”
e “morte por asfixia"
bem no alto daquele prédio.

Escrevo
aquilo que nos descreve.

Acredito, e exagero,
na minha própria queda
e fatalidade.

E quando o assunto
é o meu grau de comprometimento,
ou cumplicidade ---
deixo bem claro

que minha velocidade é um acidente rodoviário!

20/06/11

Quando Acabar

Pense nisso,
pense naquilo.
Pense em tudo
com bastante carinho.

Um pouco de algo
(ou cocaína)
e todo mundo fica excitado ---
exibindo detalhes pornográficos.

Quero ver quem vai ficar prostrado.
Quem vai sufocar.
Quem vai beber veneno
quando acabar.

Pense nisso,
pense naquilo.
Pense em tudo
com bastante carinho.

21/03/11

Compartilhar

Que tal dividir um genocídio?
Ou um acidente nuclear...
Quero partilhar, com você, a orelha de Van Gogh.

Ou um cavalo morto,
dentro do quarto,
zombando de nós dois.

Vamos compartilhar enxaquecas?
Cocaína, esteroides,
ou Hiroshima e Nagasaki.